quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Intervenção do Enfermeiro Forense em Cenários de Catástrofe

A  abordagem  dos  cadáveres  é  um  dos  aspetos  mais  difíceis  na  resposta  a desastres de  massa,  em particular quando  causam  um largo  número de  mortes.  Embora  a comunidade  humanitária  tenha  estado  atenta  a  estes  desafios  nos  últimos  20  anos,  a perda  maciça  de  vidas  no  Tsunami  em  2004,  demonstrou  os  limites  que  existem  na capacidade  de  resposta  das  instituições.  Nos  casos  em  que  ocorrem  desastres  naturais, são  os  próprios  sobreviventes  que  iniciam  a  busca  dos  corpos  dos  seus  entes  queridos, por  outro  lado  são  os  sistemas  locais  que  cuidam  dos  mortos,  como  tal,  recai  sobre  estas instituições, a responsabilidade  de  responder  a  estas situações. A  ausência  de  especialistas  forenses,  e  de  um  plano  de  atuação  em  desastres  de massa,  amplificam  os  problemas,  o  que  irá  resultar  uma  abordagem  inadequada  dos restos  mortais.  Estes  erros  de  abordagem,  podem  ter  implicações  profundas  na  saúde mental  dos  sobreviventes  e  na  comunidade.  Por  outro  lado  a  correta  identificação  do cadáver  tem  implicações  legais,  para  questões  de  heranças  e  de  indeminizações  por seguros  de  vida,  que  podem  ter  um  impacto  importante  para  os  familiares  dos cadáveres,  durante  muitos  anos  após  o  desastre.  Este  capitulo  pretende  dar  apoio  às equipas  que  atuam  em  desastres  de  massa,  no  que  diz  respeito  ao  tratamento  das  vitimas e  das  suas  famílias.  Embora  as  equipas  médicas  tenham  em  mente  3  ideias fundamentais:  a  catástrofe  como  um  problema  de  saúde,  prioridade  em  salvar  o  maior número  de  vítimas  e  a  planificação  prévia,  obtemos  a  possibilidade  de  combater  o  caos. Justificamos  assim,  a  necessidade  de  introduzir  ao  pessoal  sanitário,  os  procedimentos básicos  para  a  assistência  a  vítimas  de  acidente  de  massa.  Desta  forma,  este  capitulo pretende  ajudar  os  profissionais  de  saúde  a  resolver  as  situações  em  que  os  efeitos destrutivos  das  forças  naturais  ou  provocadas  pelo  homem,  ultrapassam  a  capacidade assistencial  dos  serviços  habituais  de  emergência  médica.  Se  as  equipas  de  emergência seguirem  o  conceito  criado  por  Marquês  de  Pombal  em  1755  “Enterrar  os  mortos, fechar os portos e cuidar  dos vivos”,  decerto a  abordagem será  coroada  de  êxito.