sábado, 8 de setembro de 2018

Carbonização

A propósito desta notícia deixo algumas considerações:
1 - em casos de carbonização a pele queimada, contrai-se e podem ocorrer rasgões nas superfícies dos extensores, articulações e se existir manipulação do cadáver. 
2 - importa estabelecer o diagnóstico diferencial com feridas vitais (feridas provocadas em vida), o que por vezes é difícil.
3 - as contracturas musculares quase sempre são pós mortem e os músculos são encurtaria por desidratação.
4 - a famosa posição boxeur, ocorre porque os músculos flexores estão mais contraidos que os extensores pelo que ocorre uma flexão generalizada.
5 - Nos casos de carbonização existe um encurtamento do corpo e diminuição do peso. Pode ainda ocorrer protusão da língua queimada (saída da língua da boca).
6 - a ausência de dedos e parte das extremidades por fraturas deve ser investigado para diagnóstico diferencial com fraturas vitais.
7 - em todos os casos de carbonização grave ou suspeita, o RX é obrigatório, porque pode identificar a presença de projécteis, e a identificação de objetos metálicos.
8 - eventualmente pode ser pesquisado a presença de combustível na roupa.
9 - nos focos de incêndio (casas e carros) o estado final do corpo não é o mesmo que no momento da morte. As queimaduras severas mascaram muitas vezes queimaduras ante mortem. 
10 - muitas mortes ocorrerão antes de qualquer calor atingir o corpo, na prática muitas queimaduras são pós mortem. 
11 - O mais importante no diagnóstico ante e pós mortem é a presença de monoxido de carbono (negro de fumo) nas vias aéreas e pulmões. Dá a indicação que a vítima estava viva quando o fogo deflagrou.
12 - nas queimaduras secas os músculos dependendo do tempo e da temperatura podem apresentar-se palidos, castanhos, parcialmente cozidos. 
Nos casos de carbonização existe muitas vezes problemas de diagnóstico diferencial ante e pós mortem.