O objectivo da Toxicologia Forense é pesquisar e quantificar substâncias consideradas tóxicas no organismo, de modo a investigar a etiologia médico-legal das intoxicações para fins judiciais. Para isto podem ser utilizados vários tipos de amostras, dependendo do caso e do tipo de análise requerida, e estas amostras devem seguir regras de preservação e tratamento, de modo a poderem ser utilizadas como prova.
AGENTES EXTERNOS TÓXICOS
Definição – “Substância que provoca no organismo alterações de elementos bioquímicos fundamentais à vida. Podem actuar sobre a célula produzindo uma destruição global da mesma por processos de necrose, ou sobre o sistema enzimático ou partes selectivas da célula (membranas, estruturas endocelulares ou organelos celulares).” Consideram-se substâncias venosas ou análogas todas aquelas capazes de provocar dano ao indivíduo a quem são administradas, seja pelas suas características, concentração ou quantidade. Chama-se agente químico àquele que em contacto com a pele ou mucosas induz necrose celular, originando uma queimadura química. Estes agentes agentes são importantes para as várias áreas da toxicologia:
Toxicologia Industrial e do Trabalho (relacionada com a medicina do trabalho)
Toxicologia Alimentar (relacionada com a saúde pública)
Toxicologia Clínica (no diagnóstico e tratamento de todo o tipo de intoxicações)
Toxicologia Forense (na investigação da etiologia médico-legal das intoxicações)
Como exemplos de casos onde se aplica a toxicologia temos as situações de ofensas corporais/homicídio, alterações psiquiátricas, etilismo, toxicomanias, dopping, etc.
Quanto à sintomatologia, a maioria das intoxicações apresenta um quadro comum, sendo os sintomas frequentemente inespecíficos. Assim, os mais frequentes e também mais graves são: síndromes hepáticos por toxicidade hepática directa, síndromes nefrotóxicos, coma, alterações cardiovasculares/respiratórias/hematológicas, neuropatias periféricas e síndromes dermatológicos.
ETIOLOGIA MÉDICO-LEGAL DAS INTOXICAÇÕES
Acidental (acidentes domésticos, profissionais e terapêuticos; picadas de insectos)
Suicida (intenção auto-destrutiva)
Homicida (ofensas à integridade física)
Drogas de abuso (ex: overdose2)
Etiologia indeterminada.
TOXICOCINÉTICA
Na toxicologia em geral, e especialmente na toxicologia forense, há sempre que ter em conta a cinética da substância em estudo. Esta engloba:
Absorção (tubo digestivo, percutânea, parentérica)
Distribuição (relacionada com o transporte do tóxico para os locais de acção ou de reserva)
Biotransformação (modificação da substância a nível celular, com a formação de metabolitos de menor, igual ou maior toxicidade que o tóxico original)
Eliminação (através do suor, urina, ar expirado, etc)
CLASSIFICAÇÃO DOS TÓXICOS
Gasosos/voláteis (CO, etanol)
Pesticidas (paraquat, paratião, dimetoato)
Medicamentos (benzodiazepinas, hipnóticos, etc)
Metais pesados (arsénio, tálio, alumínio, mercúrio)
Drogas de abuso/estupefacientes (cocaína, opiáceos, LSD, drogas sintéticas)
Intoxicação por Monóxido de Carbono: Penetrando no organismo através da respiração, o monóxido de carbono entra com facilidade nos pulmões e no sangue, combinando-se com a hemoglobina e dificultando o transporte de oxigénio para os tecidos. Existem dois tipos de intoxicação: - A intoxicação crónica, cujos sintomas são dores de cabeça, náuseas, vómitos e cansaço, a qual se poderá desenvolver de forma lenta e afecta pessoas habitualmente expostas a concentrações elevadas de CO. Frequentemente os sintomas não são atribuídos de imediato ao CO, mas à ingestão de produtos alimentares ou outras causas e assim, só tardiamente, quando a mobilidade já é afectada e surgem problemas neurológicos, é que as causas são identificadas pelo médico. Sempre que houver suspeitas de intoxicação crónica, deve recorrer-se aos serviços de saúde e contactar as entidades qualificadas para inspeccionar a instalação.
- A intoxicação aguda, que provoca vertigens, fraqueza muscular, distúrbios visuais, taquicardia, perturbações de comportamento, desmaios e, no limite, o coma e mesmo a morte. Acontece este tipo de intoxicação afectar vários membros da mesma família, ou mesmo todo um grupo de pessoas presentes na mesma sala de reunião ou de festa, pois as vítimas não chegam a aperceber-se do risco em que incorreram. Quanto à etiologia médico-legal, pode ser uma intoxicação acidental, suicida ou homicida (raro).
Intoxicação por Pesticidas Os pesticidas são substâncias muito utilizadas na agricultura para matar a fauna e a flora que destrói as culturas. São também frequentemente aplicadas no ambiente doméstico, sendo uma causa importante de intoxicação acidental infantil. Quanto à sua etiologia médico-legal, a intoxicação pode surgir num contexto acidental (laboral, doméstico, etc), suicida (frequente, pela facilidade de aquisição) e homicida (raro).