As impressões labiais são vestígios pouco comuns no local do crime, devendo a sua pesquisa ser efectuada de forma bastante minuciosa e utilizando uma fonte de luz forense.
Podem constituir uma boa fonte de informação, para efectuar a ligação entre o autor, a vítima e o local do crime. Este tipo de impressões pode constituir, em circunstâncias muito específicas, um bom método alternativo de identificação judiciária, sendo a área da odontologia forense que estuda e classifica a morfologia da mucosa externa dos lábios, a disposição das suas comissuras e os sulcos da impressão labial, designada de queiloscopia.
Não obstante as impressões labiais constituírem do ponto de vista sistemático um vestígio físico de natureza morfológica, deverá ser tido em conta a elevada possibilidade das mesma conterem material biológico e/ou químico (por ex. batom) susceptível de revestir interesse criminalístico.
As impressões labiais normalmente contêm um elevado número de células, provenientes das glândulas labiais e da mucosa bucal, sendo também uma boa fonte para a recolha de vestígios biológicos e a consequente obtenção de perfis de ADN.
Os lábios podem deixar vestígios latentes ou visíveis (por ex. batom). Estas marcas podem ser encontradas em pele humana (normalmente associadas a marcas de mordedura ou vestígios de saliva, na vítima ou no autor), em pontas de cigarro, recipientes de bebidas e em tecidos (peças de vestuário, lenços, etc.). A aplicação da queiloscopia, no sentido lofoscópico do termo, é mais eficaz em situações de vestígios presentes em superfícies lisas, como recipientes de vidro, metal ou outros.
Os vestígios queiloscópicos presentes na pele humana (na vítima ou autor) ou em pontas de cigarro, dificilmente poderão permitir um estudo queiloscópico comparativo. Na pele humana, a presença de pêlos e/ou pelugem e também a própria rugosidade da pele, vão produzir artefactos na impressão labial que dificilmente possibilitam a sua recolha para fins comparativos. Por sua vez, nas pontas de cigarro, além da área de contacto ser bastante diminuta, ocorre também a sobreposição de vestígios. Assim, nestas duas situações, e nos vestígios em tecidos, apesar de existirem relatos raros de identificações positivas, deve-se optar por uma recolha para fins genéticos (determinação de perfis de ADN) e/ou químicos.