terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

IMPRESSÕES LABIAIS



As impressões labiais são vestígios pouco comuns no local do crime, devendo a sua pesquisa ser efectuada de forma  bastante  minuciosa  e  utilizando  uma  fonte  de  luz  forense.
Podem  constituir  uma  boa  fonte  de  informação,  para  efectuar  a  ligação  entre  o  autor,  a vítima  e  o  local  do crime. Este  tipo  de  impressões  pode  constituir,  em  circunstâncias  muito específicas,  um  bom  método alternativo  de identificação  judiciária,  sendo  a  área  da  odontologia forense  que  estuda  e classifica  a  morfologia  da  mucosa externa  dos  lábios,  a  disposição  das suas  comissuras  e  os sulcos  da  impressão  labial,  designada  de  queiloscopia.
Não  obstante  as  impressões  labiais  constituírem  do  ponto  de  vista  sistemático  um  vestígio físico  de  natureza morfológica,  deverá  ser  tido  em  conta  a  elevada  possibilidade  das  mesma conterem  material  biológico  e/ou químico  (por  ex.  batom)  susceptível  de  revestir  interesse criminalístico.
As impressões labiais normalmente contêm um elevado número de células, provenientes das glândulas labiais e  da  mucosa  bucal,  sendo  também  uma  boa  fonte  para  a  recolha  de  vestígios biológicos  e  a  consequente obtenção  de  perfis  de  ADN.
Os lábios podem deixar vestígios latentes ou visíveis (por ex. batom). Estas marcas podem ser encontradas em pele humana (normalmente associadas a marcas de mordedura ou vestígios de saliva, na vítima ou no autor), em  pontas  de  cigarro,  recipientes  de  bebidas  e  em  tecidos  (peças  de vestuário,  lenços,  etc.). A aplicação da queiloscopia,  no  sentido  lofoscópico do  termo, é mais eficaz em situações de vestígios  presentes  em  superfícies  lisas,  como  recipientes  de  vidro,  metal ou  outros.
Os  vestígios  queiloscópicos  presentes  na  pele  humana  (na  vítima  ou  autor)  ou  em  pontas  de cigarro,  dificilmente  poderão  permitir  um  estudo  queiloscópico  comparativo.  Na  pele  humana, a  presença  de  pêlos  e/ou pelugem e também a própria rugosidade da pele, vão produzir artefactos na impressão labial que dificilmente possibilitam a sua recolha para fins comparativos. Por sua vez, nas pontas de cigarro, além da área de contacto ser  bastante  diminuta,  ocorre  também  a sobreposição  de  vestígios.  Assim,  nestas  duas  situações,  e  nos  vestígios  em  tecidos,  apesar  de existirem  relatos  raros  de  identificações  positivas,  deve-se  optar  por  uma  recolha para  fins genéticos  (determinação  de  perfis  de  ADN)  e/ou  químicos.