sábado, 19 de dezembro de 2015
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Enfermagem Forense
Gostaria hoje de esclarecer alguns aspetos importantes para quem pretende ser enfermeiro forense, isto porque existem umas pessoas que apenas falam por falar, e acham que são donas da verdade da sabedoria, pessoas essas que dizem que fazem enfermagem forense quando na realidade nos países onde vivem, nunca exerceram. Para essas pessoas eu passo a explicar, que a enfermagem forense não trabalha com os agressores, na melhor das hipóteses faz recolha de vestígios no suspeito caso o tribunal assim o indique, com os agressores trabalham alguns psicólogos forenses não os enfermeiros forenses. Os enfermeiros forenses trabalham com as vítimas, primeiro reconhecendo os sinais de eventual crime, segundo recolhendo a história do abuso, terceiro recolhendo eventuais vestígios, quarto encaminhando as vítimas para serem acompanhadas não só para follow up clínico, como para as entidades de proteção e policiais, quinto denunciando o abuso e sexto entregando à autoridade os vestígios recolhidos colaborando assim para a cadeia de custódia, e termina aqui o papel dos enfermeiros forenses. Nenhum enfermeiro forense investiga o caso, esse papel é exclusivo da polícia de investigação criminal. Para essas pessoas que andam a dizer asneiras devo dizer que ao contrário do que afirmam em alguns países, existem enfermeiros que vão ao local do crime apenas para recolher vestígios relacionados com o cadáver, mas mais uma vez não investigam o caso. Outra área em que a enfermagem forense tem um papel importante é na prevenção da violência, mas esse tema eu dedicarei o tempo necessário, em momento oportuno. Fica só o esclarecimento para algumas pessoas que andam a confundir as coisas, quem sabe porque gostavam de ter algum papel ativo na enfermagem forense mas na realidade não tem, nem terão porque são medíocres como pessoas e como profissionais.
Como disse um dia Napoleão: Na vida todos somos reis ou peões, imperadores e tolos. Talvez tolos seja uma palavra adequada para essas pessoas, e eu acrescentaria ainda, coitadas!!!! E só mais uma coisa quantos artigos científicos publicaram em revistas científicas indexadas sobre algum tema de enfermagem forense? Zero.......
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
sábado, 7 de novembro de 2015
http://videos.sapo.pt/7H6g17Kwi8hzSgLY6mke
Há muito tempo que defendo que a enfermagem forense deveria ser uma rede nacional, mas enquanto existirem algumas pessoas em determinadas instituições que apenas se preocupam com o poder e a fama, nada será feito, e quem sofre são as vitimas...
Há muito tempo que defendo que a enfermagem forense deveria ser uma rede nacional, mas enquanto existirem algumas pessoas em determinadas instituições que apenas se preocupam com o poder e a fama, nada será feito, e quem sofre são as vitimas...
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
MAUS TRATOS CRIANÇA
História que pode levar a suspeita de
abuso:
Divergências de discurso entre a
criança e o agressor
Uma lesão significante sem uma
história clara de trauma
Uma explicação inconsistente com a
gravidade ou tipo de lesão
Uma história que sofre várias versões
Atraso na procura de assistência
médica para tratamento das lesões
Perguntas a fazer:
O que torna esta lesão suspeita?
A explicação da lesão é plausível?
A explicação dos achados físicos, são
condizentes com o desenvolvimento da criança?
Que outros fatores psicológicos podem
colocar a criança em risco aumentado para o abuso?
Equimoses
Variam na forma, coloração, padrão e
localização
Ocorrem em geral em áreas com
proeminência óssea
Os mecanismos mais comuns para
equimoses acidentais são as quedas ou as colisões contra objetos fixos
Equimoses por abuso podem ocorrer por
murro, bofetada, agressão com objeto
As cordas produzem uma forma em U
Equimoses que sugerem abuso:
Equimoses que ocorrem em forma
geométrica
Equimoses com a forma de mão ou dedos
Equimoses circunferenciais ou
abrasões na extremidade do pescoço
Equimoses ou lesões intra orais em
crianças
Equimoses no abdómen, tórax, nádegas
ou genitais
Número excessivo em múltiplas zonas
do corpo, inconsistentes com uma simples queda
Equimoses múltiplas com diferentes
idades.
Queimaduras
Queimaduras sugestivas de abuso:
Queimaduras redondas
Queimaduras em formas geométricas
Escaldões nas costas
Queimaduras nas nádegas ou área
genital
Queimaduras nas costas das mãos
Queimaduras de contato envolvendo
ambas as mãos
Queimaduras de cigarros
Queimaduras em múltiplos locais
Queimaduras em áreas tipicamente
protegidas pela roupa
Dados internacionais (Lowell 2008)
Queimaduras intencionais ocorrem
entre os 12 meses e os 5 anos
Mais meninos que meninas
Crianças mais pequenas apresentam
maior mortalidade
Lesões padrão mais frequentes no
dorso dos pés e mãos e ocasionalmente na face e pescoço
Patologia que podem levar a suspeita:
Mancha mongólica – pigmentação de
pele escura congénita (equimoses)
Impetigo contagioso – doença
infeciosa da pele pode originar pústulas e bolhas (queimaduras de cigarros)
Osteogénese – doença congénita dos
ossos que leva a fraturas
Mecanismo de produção de queimaduras:
Ação de líquido aquecido
Ação de objeto aquecido
Ação de chama
Ação de energia elétrica
Queimaduras provocadas pela ação de
líquido aquecido são mais frequentes em crianças com idade inferior a 5 anos.
Líquidos espessos como gorduras,
óleos ou xaropes, mantém o calor por longos períodos, e podem atingir temperaturas
superiores a 100º.
Objetos aquecidos poderão ser
metálicos como os ferros de engomar, secadores de cabelo e grelhas de forno.
Habitualmente o agente utilizado nos
casos de imersão abusiva é a água, enquanto nos casos acidentais poderão ser
outros líquidos como café, chá, sopa e outros produtos alimentares.
ABUSO MORTAL
As lesões traumáticas mortais mais
frequentes em caso de abuso resultam de: 64% TCE e 23% de Trauma
toraco-abdominal.
Traumatismo contundente é o mais
implicado nestas mortes. No contexto de abuso físico repetido e extenso poderá
ser difícil determinar uma única causa de morte e um único mecanismo de morte.
Quase 50% das mortes pediátricas
relacionadas com traumatismo abusou ou acidental ocorre dentro de minutos após
o trauma. 20% das mortes ocorrem dentro de horas devido a insuficiência
respiratória e insuficiência circulatória. Restantes mortes ocorrem como
complicações do evento traumático inicial.
Nas crianças vítimas de abuso o TCE
constitui a principal causa de morte. Os traumatismos contundentes originam
fraturas das costelas (1º sinal de abuso). Sufocação constitui o tipo de
asfixia mais comum no quadro abusivo.
LEGIONELLA
Objetivos da investigação
epidemiológica quando se conduz uma investigação epidemiológica em questões de
incidentes bioterrorismo, saúde publica:
Proteção do público – campanhas de
vacinação, programas de prevenção, vigilância de doenças, educação para a saúde
Parar a subida da doença
Proteger saúde pública e pessoal
sanitário
Métodos de investigação epidemiológica:
Deteção de eventos incomuns –
primeira indicação: evento incomum com pacientes que apresentam sintomas
similares
Confirmar o diagnóstico
Executar analise laboratório e
amostras
Identificar e caraterizar casos
adicionais
Determinar a fonte de exposição –
recolha de dados através de entrevistas, criara gráfico com probabilidade de
distribuição
Desenvolver e implementar
intervenções
Investigação criminal:
Recolha de vestígios – amostras de
líquidos, roupa das vítimas, espécimes clínicos (sangue e outros fluidos),
documentos, fotos, depoimentos.
Analise de vestígios
Objetivos da entrevista:
Identificar o agente que causou a
doença
Identificar a fonte
Determinar o modelo de transmissão
Determinar onde e quando a exposição
aconteceu
Identificar quem pode ter estado
exposto
Morte Violenta – resulta da
ação de agentes externos (mecânicos, físicos, químicos ou tóxicos). Se ocorrer
fora de instituições de saúde (também se aplica a mortes de causa desconhecida)
a morte é verificada pelo médico delegado (indica sinais de morte e verifica
sinais de morte por agente externo). A autoridade policial também é chamada ao
local para o inspecionar e verificar se há suspeita de crime. É comunicado o
facto à autoridade judicial (Magistrado), que, se verificar que não há
implicações legais subjacentes à morte poderá dispensar a autópsia (como em
etiologia suicida, acidentes sem implicações relacionadas com a
responsabilidade civil, etc.). O médico delegado certifica então o óbito.
Autópsia Médico-Legal – tem lugar
em situações de morte violenta ou de causa ignorada, salvo se as informações
clínicas e demais elementos permitirem concluir com suficiente segurança pela
inexistência de suspeita de crime, admitindo-se, neste caso, a dispensa de
autópsia (artigo 54º). Tem como objectivo determinar a etiologia da morte
(natural, acidental, suicida ou homicida) para efeitos de aplicação do direito.
Tem como outros objectivos:
·
tipificar o nexo de causalidade entre as lesões
traumáticas e a morte
·
esclarecer quanto às circunstâncias que precederam a
morte
·
identificar
o cadáver
·
determinar a hora e data aproximadas do óbito
A autópsia
consta de: informação, exame do local, observação (hábito externo, hábito
interno), e exames complementares laboratoriais (toxicologia, anatomia
patológica, etc.) se necessário. De acordo com os resultados das autópsias
legais determinou-se a seguinte distribuição de etiologia médico-legal para as
mortes: acidental (43%), natural (40%), suicida (13%), homicida (2%) e
indeterminada (2%).
Nexo de Causalidade é verificado
se uma dada conduta ou acção em circunstâncias normais e num homem médio é apta
a provocar o mesmo resultado. Os diferentes critérios (certo/hipotético;
directo/indirecto; total/parcial) tipificam o nexo. O Nexo pode ser necessário, ocasional – o mais importante na relação de lesões traumáticas com
a morte - ou adequado.
Causa necessária de morte – lesão que
determina de uma forma invariável e constante a morte. Não depende de
características da vítima. O nexo de causalidade é certo, directo
e total.
Causa ocasional de Morte – lesão que só por
si não determina a morte, resultando esta de características particulares da
vítima. O nexo de causalidade é parcial.
Causa adequada de morte – conceito novo,
refere-se a lesões que não sendo necessariamente fatais, podem vir a produzir a
morte sem que os factores ou causas sejam ocasionais. O nexo de causalidade é certo
e total. É directo quando a morte é consequência do desenvolvimento de
outros mecanismos que conduzem a outras causas próximas, mas que derivam
necessariamente das lesões traumáticas. Por exemplo hemorragias intra-cranianas
pós-traumáticas). O nexo de causalidade é indirecto quando a morte resulta de
mecanismos de descompensação cardio-vascular, renal ou respiratória. Como
quando a vítima fica imobilizada no leito e morre por complicações
trombo-embólicas ou infecciosas.
As
características específicas (concausas)
da vítima podem determinar se a acção de determinado agente externo causa a sua
morte ou não. As concausas podem ser pré-existentes: anatómicas – pouca espessura da calote
craniana pode trazer consequências mais graves após um traumatismo; fisiológicas – uma acção contundente
sobre o abdómen de uma grávida tem efeitos mais graves do que numa não grávida;
patológicos – hemofilia leva a
hemorragias muito mais graves.
Podem ser concomitantes
– como a conspurcação do material usado para uma agressão. Podem também ser supervenientes
– complicações em indivíduos cujo organismo as favorece, como fenómenos
tromboembólicos ou infecciosos. O nexo ocasional é importante para o Direito
Penal, porque as características especiais de uma vítima (concausas) de uma
agressão podem ser consideradas atendíveis ou não pelo Magistrado. Atendível se o acusado desconhece as
características particulares da vítima (ex. craniectomizada), não atendível se o agressor tem
conhecimento prévio da concausa (ex. agressão a mulher grávida de 8 meses).
Estes dados permitem tipificar o crime e decidir a Medida da Pena (maior nas
concausas não atendíveis).
MORTE DE CAUSA NATURAL - todo o processo
patológico (doença, síndroma, ou estado mórbido) que evolua para a morte, mesmo
existindo um tratamento adequado para o mesmo e não estando relacionada com a
intervenção de agentes externos. Se
tiver lugar no hospital ou no domicílio e for conhecida a causa é feita a certificação do óbito pelo médico
assistente ou pelo médico com maior quantidade de informações sobre o sucedido.
Se for de causa desconhecida requer
intervenção policial e só pode ser dispensada a autópsia pelo Ministério
Público, após excluída morte violenta. Cabe ao médico assistente verificar o
óbito, mas não o pode certificar. Tem que comunicar o ocorrido às autoridades
judiciais competentes, preenchendo o boletim de informação clínica e
acrescentando qualquer informação relevante à determinação da causa de morte.
Se a autópsia for dispensada a morte é então certificada pelo médico que
verificou o óbito. Em caso de morte súbita, o médico assistente verifica o óbito mas é necessária
intervenção policial e a autópsia é ordenada pelo Ministério Público.
COLISÃO AUTOMOVEL
· Observar a cinemática do trauma
Observar a deformação do carro, pode dar indicação das
possíveis lesões
Importante investigar qual a posição que ocupavam as
vitimas
Os ferimentos provocados pelos vidros podem indicar a
posição das vítimas
As contusões provocadas pelo cinto de segurança podem
indicar a posição da vítima
Na ausência de lesões cortantes, observar os
fragmentos de vidro que podem estar na roupa das vítimas.
Comparando os fragmentos de vidro com os danos
presentes na vítima, poderemos ter uma indicação da posição da vítima.
Os vidros laterais da viatura são compostos por vidro
temperado, que parte em peças angulares e que provocam feridas cortantes no
lado em que se encontra a vítima e o vidro
Preservar plásticos, ervas, terra e roupa
A roupa pode conter fragmentos importantes e também
salpicos de sangue que podem determinar a direção da força e da lesão.
Importante preservar os sapatos da vitima, as marcas
dos rastos podem ajudar na reconstituição da posição da vitima.
Os sapatos podem também determinar a etiologia
médico-legal da morte
A impressão da sola do sapato na tentativa de travagem
(validar o condutor do carro)
Sinais ou ausência de travagem
Sinal de travagem permite estimar a velocidade do
carro
Recolha e procedimentos:
Descrição dos veículos, danos e gravidade dos mesmos
Medidas de desencarceramento
Marcas de embate no interior (tablier, vidros)
Informação do airbag (estado, danos)
Condições do habitáculo interno do carro
Se foram cortados os cintos
Descrever cinemática do trauma
Fotografar: enquadramento do local, posição dos
veículos, posição dos corpos
Recolher a roupa
Recolher os vidros que estejam no corpo ou na roupa
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
CRIANÇAS QUEIMADAS
A extensão dos danos provocados por queimadura depende de um número de
fatores.
A mortalidade e morbilidade da queimadura está relacionada com a
profundidade e extensão da lesão. Existe perda de fluidos e efeitos
metabólicos. Queimaduras por líquidos são chamadas de escaldões.
As lesões de escaldão permitem identificar a posição da vítima em
relação ao líquido quente. A gravidade dos escaldões depende do tempo de
exposição da pele com o liquido quente e a sua temperatura.
A roupa pode evitar o contato direto com o fluido, mas uma vez a roupa
ensopada, pode aumentar a duração do contato entre o fluido quente e a
superfície corporal. Em muitos casos o contato com liquido quente, momentâneo
numa superfície larga cujo o liquido teve contato pode permitir um rápido
arrefecimento, a não ser que a temperatura da água seja muito elevada, não
existe tempo longo de contato que possa provocar uma grande lesão.
Este fenómeno é importante na investigação do caso, porque pode ou não
confirmar a história dos pais, quando dizem que foi acidental.
A história relacionada com a causa é circunstâncias que envolvem as
queimaduras é uma parte importante da avaliação.
Perguntas:
Como ocorreu a queimadura
Como a criança teve contato com o líquido
Quanto tempo teve o contato com o líquido
A pele estava protegida por roupa
Quem estava com a criança
Quanto tempo ocorreu entre o evento e a
assistência médica
Exame físico:
Localização
Dimensão
Aparência/gravidade
Forma da queimadura
Características das queimaduras:
A forma da queimadura é importante porque o
padrão pode indicar que tipo de objeto foi usado
Na imersão forçada as características padrão
envolvem as nádegas e os genitais
Podem estar presentes as marcas das mãos desenhadas
na pele
A gravidade da queimadura está relacionada com a
temperatura do líquido, tempo de contato com a pele e fragilidade da pele
A roupa tende a manter o agente em contato com a
pele, por um longo tempo, que pode levar a uma queimadura severa.
A história fornecida pelo cuidador é importante porque
a história do que aconteceu pode avaliar a relação com o padrão da lesão
Características padrão da queimadura:
Idade aparente da queimadura
Consistência da distribuição da queimadura com a
história
Sinais de contenção
Sinais de imersão em líquido quente
Marca de mão no corpo
Presença de outras lesões
Lesões nas zonas de pregas de flexão
Evidência de maus tratos
Cicatrizes, má nutrição
Indicações de maus tratos:
Atraso na assistência médica
Queimaduras atribuídas a salpicos
Existência de evidências de acidentes anteriores
Lesões incompatíveis com a história
Queimaduras encontradas nas nádegas e região
anogenital, joelhos, palmas das mãos e sola dos pés
Queimaduras com contornos e forma definidos
Queimaduras uniformes e simétricas
Queimaduras que são negligentes e infetadas
Grau de queimadura uniforme
Indicações de acidente:
A história e o mecanismo são compatíveis com as
lesões
As queimaduras são encontradas na parte da
frente do corpo
Podem ocorrer em locais que refletem a atividade
motora da criança, nível de desenvolvimento
Queimaduras com múltiplos graus e com zonas não
queimadas
Apenas uma parte da pele é danificada
As queimaduras são assimétricas
A pele da criança é 10 vezes mais suave que a pele do adulto e por isso
queimam 40 vezes mais. Em muitos casos o contato com o líquido quente,
nomeadamente numa superfície larga cujo líquido teve contato pode permitir um
rápido arrefecimento a não ser que a temperatura da água seja elevada, não
existe tempo longo de contato que possa provocar uma grande lesão. Este
fenômeno pode confirmar ou não a história dos pais.
Temperatura da água
60c – 5 segundos
50c – 3 minutos
48c – 5 minutos
68c – 1 segundo.
domingo, 27 de setembro de 2015
Morte em queda sob investigação
Este é mais um caso que se enquadra nos enigmas da ciência forense no que diz respeito à etiologia médico-legal. Importa em primeiro lugar clarificar que quando falamos em etiologia médico-legal falamos em acidente, suicidio, homicidio ou causa indeterminada. Pois bem, neste caso eu chamo enigma, precisamente porque poderemos ter as 4 etiologia médico-legais, e cabe à investigação criminal e à medicina legal desvendar o mistério. A inspeção do local pode ser ou não a chave da investigação, e para que isso aconteça é extremamente importante que sejam tomadas algumas medidas e que sejam colocadas ao investigador algumas perguntas. Em primeiro lugar estamos perante uma morte violenta, mas o que é afinal uma morte violenta? Segundo Genovial França, entende-se como morte violenta a que resulta, directa ou indirectamente, da acção de agentes externos.
“É a morte resultante de acção exógena e lesiva, ou que tal acção tenha concorrido para agravar uma patologia já existente, desde que haja correlação causa-efeito entre a acção e a morte; Entende-se ainda por morte violenta aquela em que não existe violência no sentido físico da palavra, mas cujo descaso (omissão de socorro, por exemplo), foi motivo de causa de morte.” Por seu lado agentes externos são constituídos por uma fonte de energia física, ou química externa, com capacidade, de produzir no corpo humano, lesões anatómicas e/ou funcionais (lesões traumáticas). Podem dividir-se em: agentes mecânicos, agentes físicos, agentes químicos e tóxicos.
A investigação criminal compreende o conjunto de diligências que visam averiguar a existência de um crime, determinar os seus autores e a sua responsabilidade e descobrir e recolher os vestígios. Dito de outra maneira, o objectivo da Investigação Criminal traduz-se pela pergunta: QUEM FEZ O QUÊ?. A resposta a esta pergunta passa pela obediência a uma metodologia, que assenta em regras de análise, que não são mais do que procedimentos destinados a encontrar respostas para outras tantas perguntas: Quem? Onde? Quando? O quê? Com quê? Como? Porquê?.Em relação à queda poderemos ter: queda sem desnivel e queda de local elevado. Neste caso temos uma suposta queda de 4º andar estamos por isso perante uma queda de local elevado também denominada precipitação. Encontramos ação traumática de natureza contundente, e poderemos ter a presença de lesões traumáticas externas associadas ao local de embate no solo (crânio, membros inferiores, costas, etc), mas também poderemos ter lesões que são provocadas por embate durante a queda, cabe ao patologista forense diferenciar a tipologia das lesões. Nos casos em que existe ausência de lesões externas poderemos ter um fenomeno denominado saco de nozes que se caracteriza por lesões traumática internas. Em sede de autópsia médico-legal pode-se encontrar nestes casos fraturas multiplas no crânio, tronco e membros e esfacelos de orgãos como o cerebro, orgãos torácicos e abdominais.
Para a resolução do enigma da etiologia médico-legal se estamos a investigar a possibilidade de suicidio é importante a realização de uma autópsia psicológica da vitima, e neste caso em concreto a investigação criminal deve começar por aqui (autópsia psicológica). Devem ser recolhidas informações junto dos familiares/conhecidos, junto do médico de familia (investigação da possibilidade de doença), e deve-se analisar a existência ou não de sinais de tentativas anteriores, deve-se investigar a existência ou não de estupefacientes/alcool. No caso de suspeita de acidente, deve-se investigar se ocorreu em contexto de acidente de trabalho, e contexto de lazer ou de outra situação (pintar, lavar janelas, montar antenas, etc). A etiologia de homicidio requer uma investigação criminal muito minuciosa, e na ausência de testemunhas oculares por vezes é extremamente dificil provar esta etiologia e joga-se muito na presunção, porque na realidade poucas evidências ocorrem nestes casos. É importante nestes casos saber o peso da vitima, inspecionar bem o local de onde ocorreu a precipitação, perceber se existem marcas nos tornozelos da vitima, se existem danos na roupa que indiciem luta. Deve ser feita uma reportagem fotográfica do local e da posição da vitima, analisar que tipo de roupa a vitima estava a usar na hora do evento. A chave da investigação começa com a autópsia psicológica da vitima.
“É a morte resultante de acção exógena e lesiva, ou que tal acção tenha concorrido para agravar uma patologia já existente, desde que haja correlação causa-efeito entre a acção e a morte; Entende-se ainda por morte violenta aquela em que não existe violência no sentido físico da palavra, mas cujo descaso (omissão de socorro, por exemplo), foi motivo de causa de morte.” Por seu lado agentes externos são constituídos por uma fonte de energia física, ou química externa, com capacidade, de produzir no corpo humano, lesões anatómicas e/ou funcionais (lesões traumáticas). Podem dividir-se em: agentes mecânicos, agentes físicos, agentes químicos e tóxicos.
A investigação criminal compreende o conjunto de diligências que visam averiguar a existência de um crime, determinar os seus autores e a sua responsabilidade e descobrir e recolher os vestígios. Dito de outra maneira, o objectivo da Investigação Criminal traduz-se pela pergunta: QUEM FEZ O QUÊ?. A resposta a esta pergunta passa pela obediência a uma metodologia, que assenta em regras de análise, que não são mais do que procedimentos destinados a encontrar respostas para outras tantas perguntas: Quem? Onde? Quando? O quê? Com quê? Como? Porquê?.Em relação à queda poderemos ter: queda sem desnivel e queda de local elevado. Neste caso temos uma suposta queda de 4º andar estamos por isso perante uma queda de local elevado também denominada precipitação. Encontramos ação traumática de natureza contundente, e poderemos ter a presença de lesões traumáticas externas associadas ao local de embate no solo (crânio, membros inferiores, costas, etc), mas também poderemos ter lesões que são provocadas por embate durante a queda, cabe ao patologista forense diferenciar a tipologia das lesões. Nos casos em que existe ausência de lesões externas poderemos ter um fenomeno denominado saco de nozes que se caracteriza por lesões traumática internas. Em sede de autópsia médico-legal pode-se encontrar nestes casos fraturas multiplas no crânio, tronco e membros e esfacelos de orgãos como o cerebro, orgãos torácicos e abdominais.
Para a resolução do enigma da etiologia médico-legal se estamos a investigar a possibilidade de suicidio é importante a realização de uma autópsia psicológica da vitima, e neste caso em concreto a investigação criminal deve começar por aqui (autópsia psicológica). Devem ser recolhidas informações junto dos familiares/conhecidos, junto do médico de familia (investigação da possibilidade de doença), e deve-se analisar a existência ou não de sinais de tentativas anteriores, deve-se investigar a existência ou não de estupefacientes/alcool. No caso de suspeita de acidente, deve-se investigar se ocorreu em contexto de acidente de trabalho, e contexto de lazer ou de outra situação (pintar, lavar janelas, montar antenas, etc). A etiologia de homicidio requer uma investigação criminal muito minuciosa, e na ausência de testemunhas oculares por vezes é extremamente dificil provar esta etiologia e joga-se muito na presunção, porque na realidade poucas evidências ocorrem nestes casos. É importante nestes casos saber o peso da vitima, inspecionar bem o local de onde ocorreu a precipitação, perceber se existem marcas nos tornozelos da vitima, se existem danos na roupa que indiciem luta. Deve ser feita uma reportagem fotográfica do local e da posição da vitima, analisar que tipo de roupa a vitima estava a usar na hora do evento. A chave da investigação começa com a autópsia psicológica da vitima.
RECRIAÇÃO DA CENA DO CRIME
Muitas vezes impõe-se também fazer no local do crime
uma breve
reunião entre todos os investigadores de modo a trazer ao conhecimento
do responsável pela equipa toda a informação recolhida, em termos
de prova pessoal e material.
Pode acontecer no final deste processo que não se tenha concluído
por uma hipótese verosímil ou plausível, mas sim,
pela necessidade de procurar algum elemento real que, eventualmente,
não tenha sido encontrado. Neste caso haverá lugar a uma nova busca
ou inspecção, para localizar o vestígio ou informação necessária.
reunião entre todos os investigadores de modo a trazer ao conhecimento
do responsável pela equipa toda a informação recolhida, em termos
de prova pessoal e material.
Pode acontecer no final deste processo que não se tenha concluído
por uma hipótese verosímil ou plausível, mas sim,
pela necessidade de procurar algum elemento real que, eventualmente,
não tenha sido encontrado. Neste caso haverá lugar a uma nova busca
ou inspecção, para localizar o vestígio ou informação necessária.
CROQUIS
Chegados a este ponto há que
tomar as notas necessárias (esboço)
à elaboração de Croquis e de Relatório circunstanciado. Um croquis
(palavra francesa traduzida como esboço ou rascunho) é uma
reprodução gráfica, um desenho rápido, feito com o objectivo de discutir
ou expressar graficamente uma situação ou ideia.
É conveniente que dele conste a definição das distâncias a que se
encontram os vários elementos de interesse, por remissão a pontos
fixos relacionados com a posição da vítima.
à elaboração de Croquis e de Relatório circunstanciado. Um croquis
(palavra francesa traduzida como esboço ou rascunho) é uma
reprodução gráfica, um desenho rápido, feito com o objectivo de discutir
ou expressar graficamente uma situação ou ideia.
É conveniente que dele conste a definição das distâncias a que se
encontram os vários elementos de interesse, por remissão a pontos
fixos relacionados com a posição da vítima.
Um croquis, portanto, não
exige grande precisão ou refinamento gráfico,
embora deva ser feito à escala, podendo representar, por exemplo,
um apartamento em termos de planta, uma sala vista de cima em
termos de soalho e objectos, ou uma sala completa, com paredes
e tecto rebatidos.
embora deva ser feito à escala, podendo representar, por exemplo,
um apartamento em termos de planta, uma sala vista de cima em
termos de soalho e objectos, ou uma sala completa, com paredes
e tecto rebatidos.
Por isso se diz que é um complemento
da fotografia, em termos
de fornecer medições e distâncias entre objectos, através de
traços ou linhas que representam o conjunto em apreço.
de fornecer medições e distâncias entre objectos, através de
traços ou linhas que representam o conjunto em apreço.
São estes documentos, juntamente com as fotografias do local,
que mais tarde permitirão a reconstituição do crime.
que mais tarde permitirão a reconstituição do crime.
Mulher amarrada morre em casa
Esta noticia tem-se tornado um pouco habitual em Portugal no últimos anos. Parece-me que estamos perante mais um caso de violência doméstica, e se assim for contabilizamos mais uma morte para a estatistica portuguesa. Em média morrem 40 mulheres em Portugal por ano vitimas de violência doméstica, mas estes dados são apenas as mortes imediatas, e não são contabilizadas as mulheres ou homens que morrem posteriormente no hospital, como sequela do trauma sofrido.
Neste caso mais uma vez a reconstituição do que aconteceu terá inicio com a autópsia médico-legal que será realizada e com a atribuição da respectiva causa de morte e etiologia médico-legal (acidente, homicidio, suicidio). Será também importante o exame do hábito externo da vitima para pesquisar sinais de trauma recentes ou antigos que podem indicar ou não a existência de um padrão anterior de agressões. A investigação forense deve analisar o objeto que foi usado para amarrar e amordaçar a vitima, estudando a sua composição, constituição, caracteristicas e origem. Pode dar informações preciosas para auxiliar a investigação criminal do caso.
Outro aspeto importante a observar é o local onde foi amarrada a vitima, que tipo de nó foi dado, em que posição se encontravam as mãos, se existiam marcas de contenção fisica. É essencial perceber se existem sinais de defesa ativa ou passiva (pode indicar se a vitima estava consciente ou não), sinais de luta na roupa e no corpo da vitima.
Em relação à preservação de vestigios na vitima, seria importante proteger as mãos da vitima com sacos de papel para pesquisar a presença ou não de restos de pele debaixo das unhas. Caso tenha existido defesa ativa a vitima poderá ter agredido o agressor e existirem nos leitos ungueias restos de pele que podem ou não ajudar na identificação de um perfil de DNA. Deve ser preservado o material que foi usado para amarrar e amordaçar a vitima (apenas deve ser removido para medidas de life-saving e se for removido nunca cortar pelos nós). A roupa da vitima deve ser preservada, colocando cada peça em saco de papel, identificando e selando os sacos.
A equipa de emergência médica que esteve no local deve identificar a presença de odores que se encontrem no local, e quais as manobras de reanimação que foram executadas (se foram). Se possivel deve ser feito um registo fotográfico do local e da vitima e de ser documentado minuciosamente todos os achados que a equipa encontrou, assim como a descrição do local, lesões observadas, posição do corpo, se foram removidas as roupas, se foram removidas as medidas de contenção que a vitima tinha (amarras e mordaça), se foram realizadas manobras de reanimação, e estado da vitima à cheagada do local, coloração, odores.
sábado, 26 de setembro de 2015
Um agradecimento público ao grupo de pessoas que criaram esta página de facebook.
Caso do homicídio do bébé em Linda-A-Velha, Oeiras. Ausação. MP noDIAP / Oeiras.
O Ministério Público deduziu acusação, com intervenção de tribunal colectivo, contra o arguido que em 08 de Abril de 2015, na casa onde residia em Linda-A-Velha, Oeiras, esfaqueou o seu filho de 6 meses, matando-o.
O arguido agiu motivado por retaliação contra a sua companheira, mãe do bébé, a qual, percebendo que o arguido mantinha consumo de álcool, lhe anunciara querer terminar a relação entre ambos.
A vítima estava nesse dia a cargo do arguido e nascera em Outubro de 2014.
O arguido executou os factos mantendo o contacto por telefone com a mãe do bébé.
Depois de esfaquear a vítima, e deixando-a assim em casa, o arguido abriu os bicos de gás do esquentador e do fogão da casa e saiu desta.
Procurou a sua companheira e encontrou-a, anunciando que a ia matar.
Não se concretizaram nem a explosão, com a adulteração previsível do cadáver, nem a morte da mãe do bébé face à intervenção rápida da Polícia.
Ao arguido foi ainda encontrado produto estupefaciente.
O Ministério Público imputou na acusação o cometimento pelo arguido, em concurso efectivo, do crime de homicídio qualificado consumado, do crime de explosão e incêndio tentado, do crime de profanação de cadáver tentado, do crime de homicídio qualificado tentado, do crime de tráfico de estupefaciente.
A acusação data de 15 de Setembro de 2015 e o inquérito foi dirigido pela 4ª secção do DIAP da Comarca de Lisboa Oeste / Oeiras.
O arguido encontra-se em prisão preventiva.
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