quarta-feira, 11 de março de 2020

Aspetos Forenses do COVID 19



Os problemas críticos na gestão de infeções por Covid 19 na morgue incidem em torno de:
      preparação para a possível presença de uma infeção no falecido
      elaboração de protocolos apropriados 
      o estado da funerária e os seus equipamentos
      EPI
      profilaxia preventiva através da vacinação da equipa.

Na morgue, as infeções podem ser adquiridas através de:
      inoculação percutânea
      contaminação da pele sem inoculação
      ingestão
      inalação
      contaminação das superfícies mucosas (olhos, boca, nariz) 


As amostras para o diagnóstico de casos de COVID-19 no exame post mortem são idênticas às aqueles usadas ​​para diagnosticar em vida e consistem em: zaragatoas do trato respiratório superior, (esfregaço do nariz, esfregaço da garganta), trato respiratório inferior (expetoração, LBA) e um tubo de sangue para serologia. 
A urina, o sangue e o líquido cefalorraquidiano (LCR) devem ser colhidos antes de abrir qualquer cavidade do corpo, para reduzir a contaminação da pele. 
O sangue para cultura bacteriana deve ser retirado na região do umbigo para reduzir a contaminação fecal.
O sangue pode ser colhido das veias subclávia ou jugular ou do coração (ventrículo esquerdo) através do esterno.


Em geral, se a morte ocorreu após confirmação de infeção por COVID-19, é improvável que exista necessidade da realização de autópsia médico-legal. No entanto  se for realizada autópsia, recomenda-se a colheita das seguintes amostras pós-morte:
·      Amostras clínicas post-mortem para teste de SARS-CoV-2, o vírus que causa o COVID-19
·      Zaragatoa do trato respiratório superior, zaragatoa nasofaríngea e zaragatoa orofaríngea.
·      Zaragatoa do trato respiratório inferior: zaragatoa pulmonar de cada pulmão
·      Amostras clínicas separadas para teste de outros patógenos respiratórios e outros testes post-mortem, conforme indicado.
·      Tecidos de autópsia fixados em formalina do pulmão, vias aéreas superiores e outros órgãos principais.

Se NÃO for realizada autópsia, recomenda-se a colheita das seguintes amostras post-mortem:
·      Amostras clínicas pós-morte para o teste de SARS-CoV-2, o vírus que causa o COVID-19, para incluir apenas zaragatoas do trato respiratório superior: zaragatoa nasofaríngea e zaragatoa orofaríngea.
·      Amostras de zaragatoa nasofaríngea e orofaringea separados para teste de outros patógenos respiratórios.

Recomendações:
1. Conhecimento, experiência e preparação são os aspetos-chave na gestão de qualquer possível exame COVID-19 post-mortem.
2. COVID-19 é uma infeção por HG3.
3. É essencial a preparação de protocolos apropriados para práticas seguras e eficazes.
4. Deve ser usado EPI adequado.
5. As mortuárias devem ter sistemas técnicos adequados de amostragem de sangue, LCR e tecidos. Devem  ter acesso a instalações laboratoriais apropriadas de microbiologia e virologia.
6. As zaragatoas nasais são o método preferido para confirmar a infeção por COVID-19. 
7. Os corpos não devem ser embalsamados
8. Preferencialmente os corpos devem ser cremados.
9. Evite o contato direto com sangue ou fluidos corporais do corpo.
10. Verificar se as feridas estão cobertas com pensos impermeáveis. 
11. O número de pessoas permitidas na sala de autópsia deve ser limitado às pessoas diretamente envolvidas no procedimento.
12. Deve ser colocada etiqueta de advertência no saco cadaver.
13. A mortuária deve ser mantida limpa e ventilada adequadamente. A iluminação deve ser adequada. As superfícies e os instrumentos devem ser feitos de materiais que possam ser facilmente desinfetados.
14. Os compartimentos de armazenamento para cadáveres devem ser facilmente acessíveis para limpeza e manutenção regulares.
15. Remover o equipamento de proteção individual após o manuseio do corpo. De seguida, lavar as mãos com água e sabão líquido.
16. Todos os tubos, drenos e cateteres, devem ser removidos do corpo.
17. Os orifícios de drenagem de feridas e de punção da agulha devem ser desinfetados e revestidos com material impermeável.
18. O corpo deve ser primeiramente colocado num saco plástico transparente resistente a vazamentos, e deve ser fechado com fecho. 
19. Os familiares podem ver o corpo, mas devem evitar contacto cutâneo