Os problemas críticos na gestão de infeções por Covid 19 na morgue incidem em torno de:
• preparação para a possível presença de uma infeção no falecido
• elaboração de protocolos apropriados
• o estado da funerária e os seus equipamentos
• EPI
• profilaxia preventiva através da vacinação da equipa.
Na morgue, as infeções podem ser adquiridas através de:
• inoculação percutânea
• contaminação da pele sem inoculação
• ingestão
• inalação
• contaminação das superfícies mucosas (olhos, boca, nariz)
As amostras para o diagnóstico de casos de COVID-19 no exame post mortem são idênticas às aqueles usadas para diagnosticar em vida e consistem em: zaragatoas do trato respiratório superior, (esfregaço do nariz, esfregaço da garganta), trato respiratório inferior (expetoração, LBA) e um tubo de sangue para serologia.
A urina, o sangue e o líquido cefalorraquidiano (LCR) devem ser colhidos antes de abrir qualquer cavidade do corpo, para reduzir a contaminação da pele.
O sangue para cultura bacteriana deve ser retirado na região do umbigo para reduzir a contaminação fecal.
O sangue pode ser colhido das veias subclávia ou jugular ou do coração (ventrículo esquerdo) através do esterno.
Em geral, se a morte ocorreu após confirmação de infeção por COVID-19, é improvável que exista necessidade da realização de autópsia médico-legal. No entanto se for realizada autópsia, recomenda-se a colheita das seguintes amostras pós-morte:
· Amostras clínicas post-mortem para teste de SARS-CoV-2, o vírus que causa o COVID-19
· Zaragatoa do trato respiratório superior, zaragatoa nasofaríngea e zaragatoa orofaríngea.
· Zaragatoa do trato respiratório inferior: zaragatoa pulmonar de cada pulmão
· Amostras clínicas separadas para teste de outros patógenos respiratórios e outros testes post-mortem, conforme indicado.
· Tecidos de autópsia fixados em formalina do pulmão, vias aéreas superiores e outros órgãos principais.
Se NÃO for realizada autópsia, recomenda-se a colheita das seguintes amostras post-mortem:
· Amostras clínicas pós-morte para o teste de SARS-CoV-2, o vírus que causa o COVID-19, para incluir apenas zaragatoas do trato respiratório superior: zaragatoa nasofaríngea e zaragatoa orofaríngea.
· Amostras de zaragatoa nasofaríngea e orofaringea separados para teste de outros patógenos respiratórios.
Recomendações:
1. Conhecimento, experiência e preparação são os aspetos-chave na gestão de qualquer possível exame COVID-19 post-mortem.
2. COVID-19 é uma infeção por HG3.
3. É essencial a preparação de protocolos apropriados para práticas seguras e eficazes.
4. Deve ser usado EPI adequado.
5. As mortuárias devem ter sistemas técnicos adequados de amostragem de sangue, LCR e tecidos. Devem ter acesso a instalações laboratoriais apropriadas de microbiologia e virologia.
6. As zaragatoas nasais são o método preferido para confirmar a infeção por COVID-19.
7. Os corpos não devem ser embalsamados
8. Preferencialmente os corpos devem ser cremados.
9. Evite o contato direto com sangue ou fluidos corporais do corpo.
10. Verificar se as feridas estão cobertas com pensos impermeáveis.
11. O número de pessoas permitidas na sala de autópsia deve ser limitado às pessoas diretamente envolvidas no procedimento.
12. Deve ser colocada etiqueta de advertência no saco cadaver.
13. A mortuária deve ser mantida limpa e ventilada adequadamente. A iluminação deve ser adequada. As superfícies e os instrumentos devem ser feitos de materiais que possam ser facilmente desinfetados.
14. Os compartimentos de armazenamento para cadáveres devem ser facilmente acessíveis para limpeza e manutenção regulares.
15. Remover o equipamento de proteção individual após o manuseio do corpo. De seguida, lavar as mãos com água e sabão líquido.
16. Todos os tubos, drenos e cateteres, devem ser removidos do corpo.
17. Os orifícios de drenagem de feridas e de punção da agulha devem ser desinfetados e revestidos com material impermeável.
18. O corpo deve ser primeiramente colocado num saco plástico transparente resistente a vazamentos, e deve ser fechado com fecho.
19. Os familiares podem ver o corpo, mas devem evitar contacto cutâneo